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EXCLUSIVA: Gonçalves revela bastidores de 95, fala de Edmundo, episódio do corte da cabeleira e muito mais; confira

Créditos: Facebook Gonçalves


O Blog do Careca conseguiu com exclusividade, uma entrevista com um dos maiores zagueiros que atuaram pelo Botafogo. Trata-se de Gonçalves. Campeão Brasileiro em 1995 e Carioca em 1997 pelo Botafogo, além de passagens pela Seleção Brasileira. O zagueiro revelou bastidores da campanha do título brasileiro de 1995, falou do episódio da reboladinha do Edmundo, falou ainda de quando tinha a cabeleira e raspou a cabeça na seleção. Gonçalves revelou também quem foi seu melhor companheiro de zaga e elogiou um zagueiro da atualidade; confira a entrevista completa.

Blog do Careca: O que você está fazendo da  vida no momento?

Gonçalves: Depois de ter trabalhado no Avaí no ano passado, este ano ainda estou aguardando convite de uma nova equipe, para dar continuidade ao meu trabalho como executivo de futebol. Enquanto não surge essa nova oportunidade, eu estou trabalhando como comentarista esportivo, na Bandeirantes, no programa Os Donos da Bola Rio, que vai ao ar de segunda a sexta, de 12:30 horas as 14:00 horas.

Você trabalhou como diretor executivo do Avaí, tem planos de ir mais além (treinador, comissão, etc? 

Eu pretendo continuar desempenhando essa função (diretor executivo de futebol ou gerente de futebol), já que nos últimos 5 anos eu me preparei bastante pra isso. Eu fiz pós-graduação em Gestão e Marketing Esportivo, eu fiz o MBA da Fifa da Fundação Getúlio Vargas e do CIES também, fiz Gestão Marketing e Direito Esportivo, fora vários cursos e seminários que eu tenho participado ao longo dos últimos 5 anos. Eu estava até me preparando para exercer alguma função na organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

O que passou pela sua cabeça quando o Edmundo deu a reboladinha? Te deu raiva? Deu vontade de ter uma reação mais ríspida?

Na realidade, naquele momento do lance com o Edmundo, eu não percebi que ele tinha feito aquela provocação, aquela rebolada. Eu tava olhando fixo pra bola e pensando somente no desarme, em não deixar ele progredir com a jogada e só depois que terminou o jogo, que a imprensa veio me perguntar se eu tinha visto. Mesmo se eu tivesse visto, eu não teria tido nenhuma reação agressiva, até porque, a minha intenção era jogar o outro jogo, eu era capitão do time e o foco era ser campeão e levantar a taça.

Você que era marcado pela cabeleira, como foi ter que raspar a cabeça na seleção? Foi algo consentido por você? 

Olha, eu fazia parte de um grupo, né?! Se todos decidiram entrar na brincadeira, eu também tinha que aceitar. É lógico que eu não pensava em raspar a cabeça naquele momento, mas foi algo que me pegou de surpresa, mas eu encarei numa boa. Acho que grupo é grupo, se está no grupo, está inserido dentro das brincadeiras, dentro dos problemas, das dificuldades. Teve jogadores que reagiram com muita insatisfação, com relação aquele episódio, mas eu encarei numa boa. Foi importante o grupo ter se mantido unido naquele momento, nós conquistamos na sequência a competição, que foi a Copa das Confederações e eu encarei com tranquilidade.

Seu jogo marcante? 

Meu jogo marcante pelo Botafogo, sem dúvida nenhuma que foi a final do brasileiro de 95. Até porque esse jogo, me abriu portas, em todo Brasil e no mundo. Foi o jogo no qual eu consegui alcançar meu grande objetivo na minha volta ao Brasil, que era ter um reconhecimento a nível nacional do meu trabalho. Também teve o gol da final da Taça Guanabara, que eu fiz contra o Vasco(97), que deu o título ao Botafogo, mas se não fosse aquele jogo da final contra o Santos, a minha carreira não ia decolar como decolou vestindo a camisa do Botafogo.

Melhor zagueiro com quem você já fez dupla?

A minha dupla de zaga preferida, também foi essa, do brasileiro de 1995. Eu e o Gottardo fizemos uma grande dupla e tivemos nosso trabalho recompensado no final da competição, com a conquista daquele título. Então, acho que o Gottardo foi o parceiro de zaga mais importante ao longo da minha carreira.

Exatamente quantos meses de salário atrasado vocês tinham quando foram campeões Brasileiro? 

Naquele Botafogo de 1995, nós tínhamos muitas dificuldades. O clube era desestruturado, não tinha instalações adequadas, mas seu eu não me engano, nós chegamos a ficar 2 meses com salário atrasado. Mesmo assim, nós superamos e graças a Deus deu tudo certo e no final nós conquistamos o título.

Dizem que esse elenco de 95 era um dos mais desunidos fora de campo, isso é verdade? 

Não, na verdade não tinha essa desunião não. Só teve um problema que se tornou público entre o Gottardo e o Túlio, mas foi em função de uma cobrança. Como os salários estavam atrasados, Eu, Gottardo, Sérgio Manoel, os jogadores mais experientes, tínhamos ali uma ideia que tínhamos que cobrar, logicamente conversando com a diretoria e a gente queria que o Túlio participasse desse movimento. O Túlio sempre foi muito tímido e ele tinha uma certa resistência, mas eu acho que isso era dele. Acabou demorando um pouco para o Gottardo entender isso. Gottardo era o capitão e queria uma atuação do Túlio nesse sentido e eu ficava ali aparando arestas. Mas foi só isso, a gente se reunia fora de campo, convivíamos, não tinha problema nenhum não.


2 momentos marcantes da caminhada de 1995?

Alguns jogos foram marcantes naquela conquista, sem dúvida. Tirando os jogos das finais, que foram os mais importantes, acho que a vitória sobre o Flamengo, por 3x1 em Fortaleza, foi o jogo que, a partir daquele jogo nós começamos realmente a acreditar que seria possível conquistar o título. Teve um jogo também, 1x0 contra o Goiás, no Serra Dourada que foi importante, vencemos o Vasco por 2x0. Alguns clássicos foram importantes ter vencido para elevar a auto estima daquele grupo, fortalecer o grupo para que nós pudéssemos seguir em frente acreditando na conquista daquele título.


Com tantos fatores desmotivantes (problemas de salários, infraestrutura e brigas no elenco), de onde vocês tiravam motivação para manter o rendimento da equipe? 

Acho que a motivação daquele grupo era a união que a gente tinha. Essa coisa de "era um grupo desunido", não era isso, de fato, apesar de alguns problemas que eu já citei em relação a cobrança dos salários, mas a gente tinha uma amizade grande. Eu e Donizete que viemos juntos do México, éramos compadres. Tinha também Leandro Ávila, Jamir, Wilson Goiano, Túlio, Sérgio Manoel. A gente tinha uma identificação bacana e todos com o mesmo pensamento. Alguns jogadores experientes querendo se firmar no cenário nacional como jogadores de projeção, jogadores importante dentro do mercado e jogadores jovens querendo demonstrar seu potencial, sua capacidade, que foi o caso do Beto, Sérgio Manoel, iranildo. Então a gente teve na força, na qualidade dos jogadores daquele grupo nosso ponto forte para que nós pudéssemos seguir na caminhada e conquistar aquele título.


Na atualidade, tem algum zagueiro que você acha que tem estilo similar ao seu? 

Normalmente eu não gosto muito de comparar os jogadores da atualidade com os jogadores da minha época. Mudou um pouco o perfil dos zagueiros da atualidade, os clubes preferem os jogadores mais altos. Na minha época os jogadores tinham em média 1,80 cm e eram jogadores mais técnicos. Hoje o perfil são de jogadores de 1,90 cm por ai. Mas tem bons zagueiros ainda no Brasil. Eu acho que o Thiago Silva, dentre os jogadores da seleção é o zagueiro que tem uma técnica mais refinada, com um estilo de jogo que pudesse se assemelhar ao meu, ao do Aldair, André Cruz, Mauro Galvão, de ter mais qualidade na saída de bola, do passe, mas cada tempo com suas características de jogo e eu não gosto de ficar comparando muito não.

Até onde você acha que esse Botafogo pode chegar na libertadores? 

Difícil de prever, mas o Botafogo está com uma equipe muito competitiva. É claro que, a gente reconhece que não é um grupo de nível de excelência, com muitos jogadores de muita qualidade, mas o trabalho do Jair está começando a encaixar. É um grupo muito aguerrido, os jogadores se aplicam muito nos jogos da Libertadores e a gente torce para que esse grupo possa se manter até o final, sem lesões, para que o grupo se fortaleça, e a equipe ganhe cada vez mais entrosamento para poder melhorar seu padrão de jogo e seu sistema de jogo. Acho que é um time que precisa evoluir em alguns aspectos técnicos e táticos, mas isso é com o tempo e o que a gente torce, de fato, é que não haja muitas lesões e o time consiga se manter junto e jogando juntos o maior número de jogos possíveis.

4 comentários:

  1. Que entrevista legal! Esclarecimentos, opiniões, um ídolo inesquecível! Gostaria de vê-lo ainda como nosso gerente de futebol!

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    Respostas
    1. Será? Tomara que um dia ele tenha essa chance. Ótimo profissional.

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